Sabe-se que 1 a cada 3 idosos terá doença de Alzheimer ou algum outro tipo de demência. Demência é um termo geral para perda de memória, linguagem, dificuldade para resolução de problemas ou prejuízo de outras habilidades cognitivas grave o suficiente para interferir na vida da pessoa. A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e representa cerca de 60 a 70% dos casos. Além das habilidades cognitivas, a demência também pode afetar o comportamento, sentimentos e relacionamentos causando um grande impacto tanto na vida do paciente como na vida de todos ao seu redor como seus familiares e amigos.
Nós somos o produto da nossa memória, de tudo o que vivemos, aprendemos e lembramos. Mas, como podemos cuidar do nosso cérebro e proteger nossas lembranças?
PROTEGENDO A BIBLIOTECA MENTAL: FATORES DE RISCO
Funcionam como se você tivesse uma biblioteca e a demência fosse um ladrão que lentamente e sorrateiramente roubaria cada um dos seus livros adquiridos ao longo da vida. Os fatores de risco como a idade, a genética e a história familiar não podem ser alteradas. Porém, existem fatores de risco que podem ser modificados para reduzir o risco de declínio cognitivo, e proteger a sua biblioteca desse ladrão. Segundo as recomendações de 2020 publicados no The Lancet, os fatores de risco modificáveis incluem:
- Baixo nível educacional,
- Perda auditiva,
- Hipertensão arterial,
- Uso excessivo de álcool,
- Obesidade,
- Traumatismo cranioencefálico,
- Poluição,
- Tabagismo,
- Depressão não tratada,
- Isolamento social,
- Sedentarismo,
- Diabetes.
Segundo esse relatório, com a modificação desses fatores de risco, 40% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou retardados.
DEMÊNCIA PRECOCE: DESAFIOS E DESCOBERTAS
Embora seja mais comum em pessoas de idades mais avançadas, a demência também pode ocorrer em pessoas mais jovens. Quando se manifesta antes dos 65 anos de idade é classificada como demência de início precoce, o que corresponde a cerca de 8% dos casos de demência. Um novo estudo publicado esse ano, na revista JAMA Neurology identificou 15 fatores que aumentam o risco de demência de início precoce, alguns deles coincidem com os fatores citados nas recomendações para demência em geral, porém foram incluídos:
- Baixo nível socioeconômico,
- Doença cardíaca,
- Acidente vascular cerebral,
- Pressão baixa ao se levantar,
- Força reduzida nas mãos,
- Deficiência de vitamina D,
- Altos níveis de proteína C reativa (presente no teste genético).
Todos os fatores de risco que podem ser prevenidos e modificados.
AÇÕES PARA PREVENIR OU DESACELERAR A DOENÇA
Esses estudos demonstram que o aumento da reserva cognitiva e adoção de estilo de vida mais saudável podem desacelerar a progressão da doença. Eu costumo dizer que a reserva cognitiva é como uma piscina que você enche com tudo o que você aprende ao longo da vida. Quanto maior for a sua piscina, mais tempo ela irá demorar a esvaziar.
Por isso é muito importante encher essa piscina com conhecimento, aprender novas habilidades como uma nova língua, aprender um jogo que desafie o seu cérebro, como o xadrez, por exemplo, ler livros sobre assuntos diversos, estudar, conhecer lugares novos, fazer caminhos diferentes ao ir do trabalho para a casa e sempre procurar estimular o cérebro cada vez mais.
PRESERVANDO NOSSAS LEMBRANÇAS: UM APELO À AÇÃO
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando dificuldades cognitivas, não hesite em procurar ajuda médica. A avaliação médica pode detectar condições reversíveis e tratáveis de demência, como doenças da tireoide e deficiência de algumas vitaminas, por exemplo. E mesmo que os sintomas indiquem doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer, o diagnóstico precoce permite que uma pessoa obtenha o máximo benefício dos tratamentos disponíveis e fornece tempo para que a pessoa possa planejar o futuro. Cuide do seu cérebro e proteja suas maiores lembranças.