Você sabia que os distúrbios do sono podem ser tanto causas como consequências do AVC (Acidente Vascular Cerebral) popularmente conhecido como “derrame” ou “isquemia cerebral”?

Muitas pessoas negligenciam alterações do sono como ronco, a sonolência excessiva durante o dia e  só procuram o médico em caso de insônia grave. Quando eu pergunto durante a consulta:  “Você dorme bem?” , muitos respondem que sim, e quando pergunto sobre ronco, muitos respondem: “Só ronco um pouco” enquanto o cônjuge ao lado denuncia o problema com uma expressão de espanto. 

Porém, o ronco pode ser um dos sintomas de um problema grave.  Um dos distúrbios do sono que aumentam o risco de doenças cardiovasculares é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). A SAOS é uma obstrução das vias aéreas superiores durante o sono com diminuição, ou até parada momentânea do fluxo de ar até os pulmões. 

Apesar de ser uma doença pouco conhecida pela população ela está presente em cerca de 30% da população adulta , principalmente em homens, e em mulheres após a menopausa, porém, também pode estar presente desde a infância.

Os principais sintomas da Apneia Obstrutiva do Sono são o ronco alto e irregular, a sonolência excessiva durante o dia, a fadiga, pausas respiratórias observadas por alguém que dorme com o paciente, e outros sintomas diurnos secundários a um sono de qualidade ruim como irritabilidade, dificuldade de concentração, dor de cabeça e boca seca pela manhã.

Os principais fatores de risco são a obesidade, incluindo a circunferência abdominal e cervical aumentadas, o sedentarismo, o sexo masculino, o envelhecimento, o tabagismo, o uso de álcool ou medicamento sedativos, e alterações constitucionais do crânio e da face. Algumas das consequências, caso a SAOS não seja tratada adequadamente, é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o diabetes, arritmias cardíacas e outras doenças cardiovasculares como o Infarto cardíaco e o AVC.

O tratamento consiste em abertura das vias aéreas superiores e irá depender do tipo de apneia, do grau, e de vários outros fatores. Existem várias formas de tratamento e a primeira delas é a mudança de estilo de vida como a perda de peso, a cessação do tabagismo, evitar bebidas alcoólicas e medicamento sedativos, dormir preferencialmente de lado , fazer atividade física e evitar o sedentarismo. Um dos principais tratamento, sobretudo para apneia moderada a grave, é o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), ou seja, pressão positiva contínua nas vias aéreas.

Assim, o ronco nem sempre é só um ronco. Procure um médico para avaliar esse e outros sintomas durante o sono e diminua seus riscos de apresentar doenças graves como o AVC. Caso queira saber um pouco mais sobe o sono clique aqui.

Fonte:

Veasey SC, Rosen IM. Obstructive Sleep Apnea in Adults. N Engl J Med. 2019 Apr 11;380(15):1442-1449.

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMcp1816152

International Classification of Sleep Disorders-Third Edition.

Quando o ronco pode aumentar o risco de AVC?
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